Hoje tenho a honra de entrevistar um ator que sempre admirei, e depois dessa entrevista passei a admirá-lo ainda mais, afinal eu que também sou ator sei o quanto é difícil ingressar na TV. E, esse ator é a prova cabal de que devemos sempre lutar por nossos ideais, afinal ele lutou – e muito, para conseguir provar seu talento e assim se estabilizar na profissão, sofreu muito fazendo figuração até surgir a tão esperada primeira oportunidade, que surgiu e ele aproveito muito bem, fazendo de sua estréia um sucesso pessoal, isso na novela “Pérola Negra”, a partir desse trabalho ele não parou mais, fez várias novelas como: “América”, “Pequena Travessa”, “Cidadão Brasileiro”, “Vidas Opostas”, “Caminho das Índias” e atualmente pode ser visto na reprise da novela “Fascinação” e na novela “Corações Feridos”, ambas exibidas pelo SBT. Em suma, meu entrevistado de hoje é um corajoso ator que driblou vários obstáculos para conseguir se sobressair fazendo todos se renderem a seu imensurável talento. Meu entrevistado é o ator BLOTA FILHO.
"O ator que quer ingressar na carreira, independente de Teatro, TV ou Cinema. Deve ter humildade, e paciência por que a competição muitas vezes é desleal. Você vai ter que saber lidar com os artistas instantâneos que saem dos reality-show's. Então, seja você mesmo. Chegue aonde chegar e nunca se esqueça de onde saiu e do que passou pra chegar lá. Use isso a seu favor e não para humilhar ninguém. Seja grato por tudo que vem em sua direção de bom e de não tão bom."
(Blota Filho)
Jéfferson Balbino: O fato de a sua mãe ser rádio-atriz e seu pai radialista foi que motivou você a seguir a carreira artística?
Blota Filho: Costumo dizer que foi 70% genético sim e os 30 % restante de sorte e força de vontade... Não teve influência direta não, mas ouvir as histórias do tempo em que mamãe era rádio-atriz era de me fazer sonhar com essa profissão sim.
Jéfferson Balbino: É verdade que antes de você estrear como ator, fez várias figurações nas novelas da Band? Como era a figuração naquela época?
Blota Filho: Sim comecei como figurante na época em que a TV Bandeirantes produzia o sucesso “Os Imigrantes”. Olha era bem difícil ser figurante sim chegávamos as 6 da manhã na maioria das vezes nem a equipe de figurino ou maquiagem haviam chegado ainda... Éramos muito mal tratados, gritos eram constantes. Lembro que uma vez fiz uma cena em que tinha que estar ao fundo e bem longe, lógico, cavando um buraco. Quando dei por mim eles já haviam mudado de lugar e eu ainda estava lá cavando o tal buraco.
Jéfferson Balbino: Sua estréia em novelas ocorreu na novela “Pérola Negra” (SBT/1998). Como foi essa primeira experiência na TV?
Blota Filho: Era o sonho se tornando realidade. Minha primeira novela e meu primeiro vilão. Tudo era mágico, intenso. Elenco e equipe era uma família feliz. E a oportunidade de trabalhar ao lado de atores que eu vi na época da TV Tupi. E ser dirigido pelo eterno Sheik de Agadir: Henrique Martins. Uma aula sempre.
Jéfferson Balbino: Atualmente você está no ar na reprise da novela “Fascinação” (SBT/1998). Como está sendo se rever 13 anos depois? Chega a ser crítico em relação ao seu trabalho?
Blota Filho: Ah... O Renné. Divertido e afetado costureiro. É bem engraçado me ver quilos mais magro, com personagem delicioso e ao lados dos então estreantes também Regiane Alves, Mariana Ximenes, Caio Blat, Marcos Damingo e Heitor Martinez... Sou muito crítico sim, na hora da gravação, mas depois que fiz tá feito posso até achar que hoje faria diferente, mas sei que dei o meu melhor e na boa: ficou bem engraçado.
Jéfferson Balbino: No seriado “Sandy e Júnior” (TV Globo/1999) você interpretou o adorável professor Camilo. Qual foi sua fonte de inspiração pra interpretar esse inesquecível personagem?
Blota Filho: Ah a entrada na Globo era o ápice do sonho. O Camilo caiu no meu colo e muito rápido. Mandei o material a pedido do então diretor Paulo Trevisan e fui escolhido pelo Carlos Manga que era o Diretor Artístico na época. Não sabia nada dele, a não ser que era um diretor rígido e viúvo. Aos pouco ficava sabendo pelos episódios dos dramas que permeavam a vida dele. Mas sabia que era tímido, nunca havia se casado e fui criando, junto com Paulo Silvestrini os trejeitos, o modo de sorrir, a postura e o tom da voz.
Jéfferson Balbino: Como foi interpretar o Delegado Guerra na novela “Pequena Travessa” (SBT/2002)?
Blota Filho: O Guerra era um Camilo em outra profissão e de bigodes. Sério, astuto, esse foi mais fácil de dar vida. Delegados existem aos montes e as referencias existiam dentro de mim. Foi muito bom depois de 3 anos de Globo retornar a casa que me ajudou a concretizar esse meu sonho.
Jéfferson Balbino: Em sua opinião, qual é a importância da telenovela na cultura do país?
Blota Filho: Telenovela mistura muitas vezes o lúdico com o real. Ela dita moda, costumes e influência muito na educação social das pessoas. O cuidado em abordar temas complexos existe, e muito. Trazer outras culturas ao conhecimento do povo é instruir. Debater fatos do cotidiano, preferências sexuais, preconceitos, ajuda a abrir a mente das pessoas para coisas que existem na realidade. Esse é o papel da telenovela eu acho: instruir e distrair.
Jéfferson Balbino: Como surgiu o convite pra você atuar na maravilhosa minissérie “A Casa das Sete Mulheres” (TV Globo/2003)?
Blota Filho: Foi apenas uma participação fazendo o Mario Alves, mas que me enche de orgulho em ter feito parte de um produto tão bem feito.
Jéfferson Balbino: Você também atuou nos programas: “A Diarista” (TV Globo/2005), “Minha Nada Mole Vida” (TV Globo/2005), “Linha Direta Justiça” (TV Globo/2005), “Por Toda Minha Vida” (TV Globo/2006), “Casos e Acasos” (TV Globo/2008) e “A Vida Alheia” (TV Globo/2010). Como você se prepara pra essas participações rápidas? Chega a ter apego ao personagem?
Blota Filho: É bem difícil você pegar o bonde andando. Entrava no meio de uma produção com todos “azeitados”. E tinha que ter o mesmo ritmo deles, não há tempo pra ir esquentado, já tem que vir no mínimo quente pra ferver junto. Apego eu tenho sim, mas somente quando estou dando vida a esses personagens. Quando a obra termina ele fica lá juntos com os outros personagens.
Jéfferson Balbino: Qual espetáculo teatral foi mais marcante em sua carreira?
Blota Filho: Não tem o que mais marcou. Mas tem um texto da Mara Carvalho, o “De Corpo Presente”, que me deu muita alegria em fazer. É denso, cômico, dramático e simples. Foi onde pude exercitar essa arte de ser ator, já que não existem cenários. É um dos melhores textos que já tive a oportunidade de viver.
Jéfferson Balbino: E que lembranças você tem do Haroldo, seu personagem na novela “América” (TV Globo/2005)?
Blota Filho: Esta aí o que te disse. Entrei no meio do jogo e tinha que marcar um gol. Foi um convite para três cenas que virou 4 meses de novela e com uma trama. Novela é obra aberta na maioria das vezes e se cai no gosto do público você cresce. As lembranças do Haroldo são as mais queridas. Trabalhei com atores que amo e que hoje são amigos queridos.
Jéfferson Balbino: Em 2006, você interpretou o Dr. Otto em “Malhação” (TV Globo). Como foi trabalhar com a nova geração de atores?
Blota Filho: Gosto muito de “Malhação”. É ali que se vê quem tem ou não talento pra seguir nessa carreira. É ali que eu vejo que mesmo tendo a juventude e um rosto lindo se você não tem talento não dura nada. O bom de trabalhar com a nova geração é de aprender com eles. Com o frescor da idade e da criação. É ver a responsabilidade em alguns.
Jéfferson Balbino: Você também participou da novela “Cidadão Brasileiro” (Rede Record/2006). O que você destacaria do texto do Lauro César Muniz?
Blota Filho: A facilidade de falar esse texto. O Lauro César Muniz escreve pra boca do ator, e uma novela de época sempre traz no pacote as dificuldades da fala da época. Lauro faz disso um atributo pra auxiliar o ator sempre. Gênio né?!
Jéfferson Balbino: Na Record você ainda atuou na novela “Vidas Opostas” (2007) que tinha uma temática inovadora ao ser ambientada numa favela. Como foi fazer parte desse bem sucedido projeto?
Blota Filho: Acho que essa foi à primeira novela feita para o público masculino. Também entrei no meio de tudo e fiquei até o fim. Era delicioso ouvir na feira, no mercado lá no Rio os homens discutindo sobre a novela, sobre os personagens. Não havia tantas tramas para o universo feminino. O Marcilio [Moraes] conseguiu o inusitado e teve o sucesso merecido sobre isso.
Jéfferson Balbino: Certa vez eu vi uma entrevista sua onde você dizia que a novela “A Viagem” (TV Tupi/1975) foi especial pra você devido ao espiritismo e a sua mãe. Se você pudesse interpretar um personagem dessa inesquecível novela qual escolheria?
Blota Filho: Ah o Alexandre lógico. Vilão sempre te dá mais oportunidade de criação né?!
Jéfferson Balbino: Como foi contracenar com a maravilhosa atriz Maitê Proença na novela “Caminho das Índias” (TV Globo/2009)?
Blota Filho: Tive como esposa a mulher mais linda que eu já vi que é a Maitê Proença, que tem uma generosidade e inteligência. E ainda fiz parte do elenco da melhor novela do mundo, sabe o que isso. Poxa é de sorrir de orelha a orelha.
Foi o que te falei a mulher mais linda da TV, mais inteligente e generosa. Fiquei sabendo que ela seria minha esposa pelos jornais cariocas. E a conheci na hora da nossa primeira cena. Lembro que fui até o set, uma igreja, e falei pra ela: “Oi Maitê, sou o Blota Filho e sou teu marido” (risos).
Jéfferson Balbino: Você também está no elenco da nova novela do SBT, “Corações Feridos” (2012). O que o público pode esperar do Hélio, seu personagem na trama?
Blota Filho: Um homem franco, integro, apaixonado pela Lucy, um amor do passado. Um homem romântico fino educado e rico.
Jéfferson Balbino: O fato de essa novela ter sido gravada em 2010 e engavetada pela emissora te desagradou?
Blota Filho: Olha não posso dizer que não. Lógico que eu como a maioria do elenco gostaria de ter visto o produto no ar. Mas também não posso dizer que nada contra o SBT. Fui pago por 4 meses para gravar uma novela. Eles me pagaram em dia, gravei e o produto e, é deles, colocam no ar se quiserem e isso ocorreu no último dia 16 de janeiro.
Jéfferson Balbino: Você é a prova viva que a carreira de ator é muito árdua. Que dica você deixa pra quem almeja seguir a carreira artística? O ator que deseja ingressar na TV deve mesmo residir no eixo Rio-São Paulo?
Blota Filho: O ator que quer ingressar na carreira, independente de Teatro, TV ou Cinema. Deve ter humildade, e paciência por que a competição muitas vezes é desleal. Você vai ter que saber lidar com os artistas instantâneos que saem dos reality-show’s. Então, seja você mesmo. Chegue aonde chegar e nunca se esqueça de onde saiu e do que passou pra chegar lá. Use isso a seu favor e não para humilhar ninguém. Seja grato por tudo que vem em sua direção de bom e de não tão bom.
Jéfferson Balbino: Qual foi a melhor novela que você já assistiu?
Blota Filho: “Mulheres de Areia”, tanto a versão da TV Tupi, quanto a versão da Globo. “Vale Tudo” que foi um marco. “Caminho das Índia”- lógico. “Que Rei Sou Eu?”, “Guerra dos Sexos”, e “Os Imigrantes”.
Jéfferson Balbino: Querido, quero agradecê-lo por conceder essa entrevista. Foi uma honra ter você aqui “No Mundo dos Famosos”. Muito mais sucesso, e que esse de 2012 seja repleto de alegrias e realizações em sua vida. Um grande abraço!
Blota Filho: Jéfferson, quem agradece o carinho sou, e que 2012 seja um ano de se aplaudir em pé em todas as áreas. Beijão no coração galerinha...
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